O homem, no geral, tem menos doenças do que as mulheres, porém, morrem antes. Isso ocorre porque eles têm a “síndrome do super-homem”, acham que não ficam doentes e isso, culturalmente, ainda é muito forte.
Além do medo, e da negação de não ter nenhuma doença, ou ainda achar que é algo que vai levar à morte, eles se afastam cada vez mais dos médicos.
Os números mostram que 59% dos homens não têm o hábito de visitar o urologista com frequência. E apenas 34% procuram quando sentem algum sintoma ou desconforto.
Dados do Ministério da Saúde apontam que um homem vive em média sete anos a menos do que uma mulher. Em muitos casos, são problemas urológicos identificados tardiamente, justamente pela falta de hábito de se consultar com um urologista.
Urologia, cuidados, ISTs e Infertilidade
O urologista é, portanto, o médico especialista no diagnóstico e tratamento de doenças do trato urinário e do aparelho reprodutivo masculino. Ele cuida da saúde de órgãos como bexiga e rins, além de canais como uretra e ureteres.
Esse profissional é capaz de tratar problemas como infecções urinárias, ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), inflamações, tumores, cálculos renais, incontinência urinária, impotência sexual, ejaculação precoce, infertilidade, entre tantos outros.
Os homens devem se consultar com um urologista ao menos uma vez ao ano, para rotina. As visitas devem começar a partir dos 16 anos de idade. Depois dos 40 anos ou em casos de histórico familiar de doenças, como o câncer, a frequência deve ser aumentada.
“As principais questões que os urologistas ficam atentos são varicocele, que geralmente surge na adolescência, mas os homens só se dão conta quando querem ser pais e enfrentarem problemas de fertilidade. Além disso, o urologista está atento a anomalias genitais, distúrbios e IST’s, principalmente o HPV”, explica Dr. Agnaldo Viana, médico do IVI Salvador.
Homens x ISTs:
Muitos homens evitam falar sobre sintomas de infecções sexualmente transmissíveis por medo de julgamentos. Mas o impacto das ISTs, como infertilidade e complicações, surgem a longo prazo. Isso porque algumas delas podem ser assintomáticas e silenciosas, aumentando o risco de transmissão sem que o portador saiba.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de homens diagnosticados com IST’s tem aumentado nos últimos anos. Especialmente entre os jovens e em populações de maior risco. Diversas bactérias, vírus e parasitas são transmitidos por contato sexual, anal ou oral, ocasionando uma infecção.
Dessa forma, uma mesma pessoa pode ter mais de uma IST com sintomas semelhantes. O problema é que a transmissão pode impactar na saúde reprodutiva.
As ISTs mais comuns são a infecção por clamídia, pelo Papilomavírus Humano (HPV), HIV, gonorreia, tricomoníase, herpes genital, hepatites B e C e sífilis. Elas podem acometer homens levando a infertilidade por obstrução no sistema reprodutor masculino e infecção no testículo levando à baixa produção de espermatozoides.
Elas são transmitidas principalmente pelo contato com fluidos corporais infectados, em relações sexuais desprotegidas (sem preservativo). Ou ainda contato direto com feridas ou lesões causadas pela infecção; e transfusão de sangue ou compartilhamento de seringas contaminadas. Por isso, o uso de preservativos é uma das formas mais eficazes de se prevenir.
As infecções sexualmente transmissíveis podem se manifestar por meio de verrugas ou feridas genitais (pênis ou ânus), assim como corrimentos (esbranquiçados, esverdeados ou amarelados). Podem, também, provocar coceira, dor pélvica, ardência ao urinar, ínguas e/ou lesões na pele, principalmente, nas palmas das mãos, língua e ao redor dos olhos.
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é a melhor maneira de evitar que a relação entre IST e infertilidade se torne comum e impeça uma gravidez. A maioria das ISTs é tratada facilmente, com medicamentos antibióticos ou, ainda, com antirretrovirais.
O tratamento das complicações, quando presentes, também se faz necessário. Assim, quando forem diagnosticadas e tratadas precocemente, é menos provável que tenham um impacto negativo na fertilidade.
“Quanto mais cedo essas infecções forem diagnosticadas, maiores serão as chances de não afetarem a fertilidade do homem. Algumas ISTs, como o herpes genital e o HIV, não têm cura. Nesses casos, o tratamento se concentra em gerenciar os sintomas e reduzir o risco de transmissão da doença”, acrescenta o Dr. Agnaldo.
A importância da Medicina Reprodutiva
Se o homem não se cuidou, terminou se contaminando e, pelo medo de ir ao médico realizar consultas periódicas, já descobriu a IST em um estágio mais avançado, que tenha prejudicado de alguma forma sua capacidade reprodutiva natural, a medicina reprodutiva pode ser uma forte alidade.
Nesses casos, o paciente precisará realizar uma sequência de exames, para identificar se o seu sêmen pode ser utilizado em laboratório, sem riscos, em um processo de Fertilização In Vitro (FIV). Caso sim, os especialistas em reprodução assistida podem fazer uma punção e dar prosseguimento ao tratamento, para que a parceira consiga viabilizar a gestação.
Caso a IST tenha, de algum modo, tornado o homem estéril, é possível recorrer a um banco de sêmen para que o casal dê continuidade ao sonho de ampliar a família. Depois de selecionado o doador – com base em características físicas e semelhantes ao paciente – a FIV continuará.
Como sensibilizar os homens sobre o autocuidado
Ainda há um longo caminho a ser percorrido até que os homens respeitem a sua vulnerabilidade e, mais do que isso, entendam que, quando se trata da própria saúde, é preciso ter cuidado.
Visitar frequentemente médicos especialistas não é sobre procurar doença. É sobre se precaver e se amar. Mas não basta seguir uma rotina de revisões médicas. É necessário cuidar bem da saúde.
É importante adotar hábitos equilibrados, como ter uma boa alimentação, fazer atividades físicas regularmente e sempre usar preservativos nas relações sexuais, especialmente se for uma relação mais temporária ou eventual.
“É fundamental consultar especialistas em saúde reprodutiva para avaliar, diagnosticar e determinar o tratamento mais adequado às ISTs, caso você seja diagnosticado. Cada caso é único e requer uma abordagem individualizada para maximizar as chances de sucesso no tratamento. Os homens precisam entender que cuidar da saúde, é zelar pelo bem mais precioso”, finaliza o especialista.
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