Adiar a maternidade é muito comum no cotidiano da mulher moderna, atualmente. Muitas estão inseridas no mercado de trabalho, são independentes e adiam a gravidez para uma fase de estabilidade profissional, financeira e conjugal. Entretanto, infelizmente, nem sempre esse planejamento coincide com a melhor fase para engravidar, pois o potencial reprodutivo começa a declinar de forma mais acentuada a partir dos 35 anos.
Por isso, algumas mulheres irão precisar de alguma técnica da medicina reprodutiva para conseguir engravidar, por conta dessa redução do potencial reprodutivo (baixa reserva ovariana). Além, claro, de estratégias que aumentem as taxas de nascimento de um bebê, para tornar essa jornada mais curta, segura e confortável.
Nesse cenário, o DuoStim (Double Stimulation), ou dupla estimulação ovariana, tem apresentado resultados promissores.
O que é o Duostim
O DuoStim é um protocolo de dupla estimulação ovariana, realizado durante o mesmo ciclo menstrual da mulher. Sendo assim, consiste em dois tratamentos de estímulo ovulatório feitos dentro de um único ciclo, possibilitando duas coletas de óvulos no mesmo período.
Tradicionalmente, a estimulação ovariana na fertilização in vitro (FIV) se inicia nos primeiros dias da menstruação (fase folicular precoce) e tem duração média de 10 dias. Por volta do 12º dia é realizada a coleta de óvulos e, se não houver nenhuma intercorrência ou procedimento adicional, a transferência dos embriões para o útero é realizada após 2 a 5 dias.
Já com o DuoStim, acontecem duas induções ovarianas, sendo a primeira na fase folicular e a segunda durante a fase lútea (última fase do ciclo ovulatório). Desta forma, os folículos que não estiverem prontos para a maturação da primeira vez podem amadurecer e serem coletados na segunda tentativa.
Nesse sentido, utiliza-se o DuoStim em reprodução assistida com objetivo de aumentar o número de gametas captados em um menor espaço de tempo. Com isto, a expectativa é possibilitar a formação de mais embriões em laboratórios num menor espaço de tempo, melhorando assim as chances de gravidez.
Além disso, as mulheres que buscam preservar sua fertilidade terão mais óvulos disponíveis para a criopreservação (congelamento de óvulos), quando comparado ao protocolo convencional.
Para mulheres com câncer, e que desejam preservar a fertilidade, a estimulação ovariana pode ser iniciada em qualquer fase do ciclo menstrual. Isso porque, essas mulheres não têm muito tempo para aguardar a menstruação e iniciar o tratamento. Quando possível, uma nova estimulação poderá ser realizada de 2 a 5 dias após a primeira coleta ovariana, para tentar obter maior número de óvulos antes do tratamento oncológico (dupla estimulação ovariana).
Quando está indicado o Duostim?
A técnica foi inicialmente criada para mulheres que necessitam de tratamentos de quimioterapia e não têm tempo a perder. Visto que a estimulação ovariana tradicional para a FIV começa nos primeiros dias da menstruação (fase folicular precoce) e leva cerca de 10 dias.
Após essa etapa, pelo 12º dia, ocorre a coleta dos óvulos que são fecundados em laboratório formando embriões que serão posteriormente transferidos ao útero ou criopreservados. Além disso, os óvulos captados também podem ser diretamente congelados para preservar a fertilidade feminina.
Porém, mulheres com câncer não podem esperar a próxima menstruação chegar para começar o tratamento contra a doença. Por isso, a estimulação ovariana pode acontecer em qualquer fase do ciclo menstrual, e assim que possível, de 2 a 5 dias após a primeira coleta, é feita uma segunda estimulação. Desta forma, o objetivo é obter o maior número de óvulos possível antes do tratamento oncológico.
Como o nome já diz, o DuoStim (Double Stimulation) significa “duas estimulações”. Ele serve para possibilitar duas aspirações foliculares, no mesmo ciclo menstrual.
Mas, além disso, percebeu-se que o DuoStim pode beneficiar também mulheres que apresentam dificuldade de engravidar. Assim, a técnica passou a ter indicação para pessoas com idade reprodutiva avançada e baixa reserva ovariana.
“As duas principais vantagens do DuoStim são o possível aumento do número de óvulos/embriões e redução do tempo para alcançar a gravidez. O ideal é conversar com o seu médico especialista e verificar se o Duostim pode ser uma estratégia viável para você”, explica o Dr. Agnaldo Viana, do IVI Salvador.
Como o DuoStim funciona?
A mulher passa pelo mesmo processo de indução ovariana realizada para um tratamento de fertilização in vitro (FIV). Desta forma, a estimulação da ovulação ocorre através do uso de hormônios semelhantes aos produzidos no ciclo natural, porém em maiores doses.
As medicações podem ser tomadas em casa ou, se a paciente preferir, administradas na clínica de reprodução assistida. Assim, o controle da ovulação também é feito através de ultrassonografia para verificar se os folículos atingiram o número suficiente e tamanho adequados.
No momento certo, acontece a indução da ovulação com hCG para induzir a rotura dos folículos e o amadurecimento dos óvulos para captação em aspiração folicular.
Na sequência, entre o 2º e o 5º dia após a primeira coleta dos óvulos, a paciente realiza uma nova ultrassonografia transvaginal para iniciar um novo ciclo de medicações de estímulo ovariano. A depender da resposta e do crescimento folicular, uma nova aspiração acontece dentro do mesmo ciclo.
Na prática, o ideal é que a quantidade de folículos antes da 2ª estimulação seja maior ou igual à 1ª estimulação, evitando que o número de óvulos captados seja muito pequeno. Desta forma, nos casos de menor número de folículos antes da segunda estimulação, o DuoStim não é feito e se aguarda a menstruação para um novo ciclo.
“Os tratamentos de reprodução assistida são definidos de forma individualizada para os pacientes, pois cada protocolo é avaliado criteriosamente, caso a caso, por um especialista”, acrescenta o médico do IVI Salvador.
O DuoStim aumenta as chances de gravidez por ciclo?
Como o DuoStim gera uma quantidade maior de óvulos disponíveis para fecundação, consequentemente aumentam as chances de formar mais embriões viáveis.
Desta forma, quanto mais embriões de boa qualidade resultarem, maiores são as chances da FIV ser bem sucedida e com implantação. Mas, como ponderado pelos especialistas, cada caso precisar ser avaliado de forma individualizada, para que se tome a decisão sobre os protocolos mais adequados a cada paciente.
Se a opção for pelo DuoStim, as vantagens incluem aproveitar um único ciclo menstrual para realizar dois recrutamentos em fases diferentes do ciclo, além de um possível aumento do número de óvulos coletados e consequentemente maior quantidade de embriões. Com isso, potencialmente, existe uma redução do tempo para alcançar a gravidez.
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