A busca pela realização do sonho de ser mãe leva muitas mulheres e casais a recorrerem aos tratamentos de reprodução assistida após detectarem algum tipo de infertilidade.
A indução da ovulação é uma etapa fundamental, que permeia os principais procedimentos utilizados nas clínicas, especialmente quando falamos em fertilização in vitro (FIV), por exemplo.
Esse processo tem como objetivo estimular os ovários a produzirem mais hormônios, aumentando a quantidade de folículos e óvulos naquele mês e aumentando assim as chances de sucesso no tratamento. No entanto, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre como funciona a indução, quando ela é indicada, quais são os riscos, os tipos de medicamentos utilizados e, principalmente, sua relação direta com a fertilização in vitro (FIV).
O que é a indução da ovulação?
De forma natural, durante cada ciclo menstrual, os ovários de uma mulher geralmente amadurecem e liberam um único óvulo. No entanto, em tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), quanto maior o número de óvulos maduros disponíveis, maiores serão as chances de formar embriões saudáveis.
A indução da ovulação é, portanto, um protocolo medicamentoso que visa estimular os ovários a desenvolverem múltiplos folículos, cada um contendo um óvulo. O processo é cuidadosamente monitorado, com acompanhamento constante de um especialista através de ultrassonografias e de exames de hormônios.
Quando a indução da ovulação é indicada?
A indução da ovulação pode ser indicada em diferentes contextos de tratamentos de fertilidade.
Nos casos de anovulação, ou seja, de mulheres que não ovulam regularmente, como as portadoras de Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), pode ser recomendado.
Também é uma conduta em casos de mulheres com baixa reserva ovariana, aquelas com poucos óvulos disponíveis naturalmente, ou ainda aquelas com idade avançada, afinal, sabemos que quanto maior a idade, menor a quantidade e qualidade dos óvulos disponíveis. Nesse caso, a indução pode maximizar as chances.
É recomendada a indução da ovulação também para pacientes em tratamento com Fertilização in vitro, para aumentar o número de óvulos captados no ciclo de punção ovariana.
“A indução da ovulação é uma etapa simples e essencial na fertilização in vitro.
Ela permite que a gente tenha um número maior de óvulos maduros, o que consequentemente eleva a probabilidade de formar embriões viáveis e saudáveis”, explica a especialista em reprodução assistida, Dra. Genevieve Coelho, Diretora Médica do IVI Salvador.
Como é feito o processo de indução da ovulação
O protocolo de indução da ovulação é individualizado, levando em consideração a idade de cada paciente, histórico clínico, reserva ovariana e diagnóstico específico.
O processo começa com uma avaliação inicial bem detalhada, incluindo Ultrassonografia transvaginal, Dosagem hormonal (FSH, LH, estradiol, AMH) e análise da reserva ovariana. Essa etapa é crucial para definir qual será o protocolo mais adequado para aquela paciente.
Depois, segue a etapa de uso de medicamentos. A indução é feita através de medicamentos que estimulam os ovários, sendo os mais comuns: Citrato de Clomifeno (indicado para induções mais simples, usado geralmente em coito programado ou inseminação artificial); Letrozol (inibidor de aromatase, usado em alguns casos específicos, inclusive em mulheres com SOP – Síndrome dos Ovários Policísticos) e Gonadotrofinas (FSH recombinante, HMG) que são utilizadas principalmente na FIV (Fertilização In Vitro), são injetáveis e promovem um estímulo mais robusto dos ovários.
Na sequência, ocorre o monitoramento folicular. Durante todo o período de indução, a paciente realiza ultrassonografias seriadas para acompanhar o crescimento dos folículos.
Quando os folículos atingem o tamanho ideal (geralmente entre 17 e 22 mm), é administrada uma medicação chamada hCG ou agonista do GnRH, que promove a maturação final dos óvulos.
A etapa final é a punção ovariana. Cerca de 34 a 36 horas após a aplicação da medicação de maturação, é realizada a punção ovariana, um procedimento simples, feito sob sedação, onde os óvulos são coletados dos folículos.
Indução da ovulação e Fertilização in Vitro (FIV)
Na FIV, a indução da ovulação é um dos pilares do tratamento. Quanto maior o número de óvulos maduros captados, maiores são as chances de fertilização em laboratório, de formação de embriões de boa qualidade; de seleção dos melhores embriões para transferência e de possibilidade de congelamento de embriões excedentes para tentativas futuras.
É importante esclarecer que, embora a indução da ovulação aumente significativamente as chances de sucesso da FIV, ela não garante o resultado positivo isoladamente.
Alguns fatores, como a qualidade dos óvulos da mulher, a qualidade dos espermatozoides do parceiro (ou de doação), a saúde do útero, a idade da paciente e a presença de doenças associadas, como endometriose, SOP ou miomas, podem influenciar de modo direto nos resultados alcançados.
Existe risco na indução da ovulação?
Apesar de ser um procedimento seguro, realizado há décadas, a indução da ovulação não é isenta de riscos. O mais conhecido é a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO), que ocorre quando há uma resposta exagerada dos ovários, levando a sintomas como inchaço no abdômen, desconforto pélvico, náuseas e acúmulo de líquido no abdômen (em casos mais graves).
Por isso, o acompanhamento rigoroso com ultrassons e dosagens hormonais é indispensável, assim como escolher bons profissionais, que acompanhem todo o andamento do seu tratamento.
Quais são os sinais de que a indução está funcionando?
O monitoramento constante permite avaliar se os ovários estão respondendo adequadamente à indução da ovulação. Os principais sinais observados, nesse caso, são o crescimento dos folículos, que pode ser percebido através dos exames de ultrassonografia; a elevação dos níveis de estradiol no sangue e alguns sintomas físicos mais leves, como um certo desconforto pélvico, que é esperado.
Se a resposta for abaixo daquilo que os especialistas planejaram, pode ser necessário ajustar a dose da medicação ou, em alguns casos, cancelar o ciclo e fazer uma reprogramação com outro protocolo. É importante entender que como cara organismo funciona de um modo particular, o tratamento precisa ser adaptado e individualizado a cada paciente.
E se não houver resposta à indução?
Algumas mulheres podem apresentar baixa resposta ovariana, especialmente aquelas com idade avançada ou reserva ovariana reduzida. Nesses casos, a equipe médica pode propor o uso de protocolos alternativos, algumas medicações adjuvantes e avaliação da possibilidade de uso de óvulos doados para dar prosseguimento ao tratamento de reprodução assistida.
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