Novembro Azul: câncer de próstata e infertilidade masculina

Comitê Editorial IVI Salvador

O mês de novembro é marcado pela campanha mundial de conscientização Novembro Azul. Criada para alertar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata, a iniciativa também abre espaço para um debate mais amplo sobre a saúde integral do homem.

O Novembro Azul surgiu com o objetivo de conscientizar os homens sobre o câncer de próstata, a segunda doença oncológica mais comum entre eles, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), milhares de novos casos são diagnosticados anualmente no Brasil, e a prevenção ainda é a melhor forma de combater o avanço da doença.

Por muito tempo, falar sobre saúde foi um tabu para os homens. A resistência em procurar médicos regularmente, principalmente o urologista, faz com que muitas doenças sejam diagnosticadas em estágios avançados, quando o tratamento já se torna mais complexo.

O Novembro Azul surge como um chamado ao autocuidado e ao compromisso com a saúde integral, que inclui não apenas a prevenção do câncer de próstata, mas também a atenção à saúde sexual e reprodutiva.

Câncer de próstata: prevenção, diagnóstico e tratamento

A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino responsável pela produção de parte do líquido seminal. Quando células dessa região sofrem mutações, pode se desenvolver o câncer de próstata.

Em muitos casos, a doença é silenciosa, não apresentando sintomas em fases iniciais, o que torna o rastreamento ainda mais essencial.

O acompanhamento médico regular é a principal forma de prevenção. Exames como o PSA (antígeno prostático específico) e o toque retal permitem a detecção precoce de alterações.

Quando identificado no início, o câncer de próstata apresenta altas taxas de cura, chegando a mais de 90% em alguns casos.

Além disso, adotar hábitos saudáveis, como praticar atividade física, manter uma alimentação equilibrada, controlar o peso, evitar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool, também contribuem para a prevenção da doença.

Tratamentos disponíveis

Os tratamentos para o câncer de próstata variam de acordo com o estágio da doença e as características de cada paciente. Entre eles, destacam-se: Cirurgia (remoção parcial ou total da próstata – prostatectomia); Radioterapia (utilização de radiação para destruir as células cancerígenas); Quimioterapia (uso de medicamentos que combatem o câncer em diferentes regiões do corpo) e a Terapia hormonal (bloqueio da ação da testosterona, que alimenta o crescimento das células tumorais).

Essas abordagens, apesar de eficazes contra o câncer, podem trazer efeitos colaterais que impactam diretamente a saúde sexual e reprodutiva do homem.

Câncer de próstata x fertilidade masculina

Um dos aspectos menos discutidos sobre o câncer de próstata é como ele pode afetar a fertilidade masculina. Tanto a doença em si quanto os tratamentos utilizados podem comprometer a capacidade de gerar filhos.

O câncer de próstata pode causar inflamações, obstruções e alterações na produção do sêmen, reduzindo a qualidade da ejaculação. Além disso, em casos avançados, pode comprometer estruturas importantes para a reprodução.

Uma das formas de tratamento é a cirurgia. A remoção da próstata muitas vezes causa a chamada “ejaculação retrógrada” ou a ausência de ejaculação, impossibilitando a saída do espermatozoide.

A radioterapia e a quimioterapia também podem danificar o DNA dos espermatozoides, reduzir sua produção e levar à infertilidade temporária ou permanente.

Já a terapia hormonal, ao reduzir os níveis de testosterona, impacta a produção espermática e a função sexual.

Preservação da fertilidade

Para homens que receberam o diagnóstico de câncer de próstata (ou outros tipos de câncer que exijam quimio ou radioterapia), existe a possibilidade de preservar a fertilidade por meio do congelamento de sêmen.

O procedimento, chamado criopreservação, consiste em coletar e congelar o sêmen em temperaturas extremamente baixas, permitindo que os espermatozoides mantenham sua viabilidade por muitos anos.

Assim, mesmo após tratamentos que comprometam a fertilidade, o paciente ainda terá a possibilidade de ter filhos biológicos no futuro por meio das técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).

Segundo a especialista Graziele Reis, do IVI Salvador, “a criopreservação é uma estratégia essencial para homens que precisam iniciar tratamentos oncológicos. Ao congelar o sêmen antes da quimioterapia ou radioterapia, eles preservam a chance de realizar o sonho da paternidade no futuro, sem comprometer a eficácia do tratamento contra o câncer”, explica a médica.

Infertilidade masculina: um tema que precisa ser discutido

A infertilidade ainda é, muitas vezes, vista como uma questão exclusivamente feminina. No entanto, os homens são responsáveis por aproximadamente 40% dos casos de infertilidade conjugal.

Diversos fatores podem afetar a fertilidade masculina, incluindo: alterações hormonais; varicocele (varizes nos testículos); infecções no sistema reprodutor; problemas genéticos; estilo de vida (tabagismo, sedentarismo, estresse, uso de anabolizantes) e doenças oncológicas e seus tratamentos.

O Novembro Azul é, portanto, uma oportunidade não apenas para conscientizar sobre o câncer de próstata, mas também para reforçar a importância de olhar com atenção para a saúde reprodutiva do homem.

O papel do urologista e do especialista em reprodução humana

Cuidar da saúde masculina envolve a atuação de diferentes especialistas. O Urologista é responsável pela avaliação da próstata, do sistema urinário e da saúde sexual masculina.

É ele quem realiza exames preventivos e diagnostica possíveis problemas, como o câncer de próstata. O especialista em reprodução humana é o médico que investiga e trata questões relacionadas à infertilidade. Esse profissional é fundamental para orientar homens que desejam preservar a fertilidade antes de iniciar tratamentos médicos de risco.

A consulta com um médico de reprodução humana deve ser considerada sempre que houver diagnóstico de doenças que possam comprometer a fertilidade.

Além disso, mesmo sem diagnóstico, também é recomendado consultar um especialista em reprodução humana no caso de homens que planejam adiar a paternidade.

Ao adotar uma postura preventiva e de autocuidado, o homem não apenas aumenta suas chances de viver mais, como também melhora sua qualidade de vida e fortalece a possibilidade de realizar projetos pessoais, como a paternidade.