A dispareunia é definida como uma dor persistente ou recorrente que ocorre durante a relação sexual ou após a relação sexual. O problema afeta muitas mulheres e pode impactar diretamente a vida reprodutiva.
Segundo a Dra. Tirza Ramos, especialista em reprodução assistida do IVI Salvador, o alerta é para o fato de que a dispareunia não é apenas um problema físico. “Além do impacto na qualidade de vida, a dor pode gerar ansiedade e até mesmo evitar relações sexuais, reduzindo drasticamente as chances de uma gravidez natural. Muitas mulheres que nos procuram para tratamento de fertilidade relatam dificuldades nesse sentido”, explica.
Os tipos de Dispareunia
A dispareunia, como vimos, é caracterizada por dor durante a relação sexual. Ela pode ser classificada em dois tipos: superficial ou profunda.
A dispareunia superficial é aquela que ocorre na entrada da vagina, podendo estar associada a infecções, alergias, secura vaginal ou vaginismo (contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico).
Já a profunda, ocorre quando a dor é verificada na região interna da pelve e pode estar relacionada a doenças como endometriose, adenomiose, miomas uterinos ou até mesmo aderências pélvicas causadas por cirurgias realizadas anteriormente.
As causas da Dispareunia
Existem algumas causas para a Dispareunia. A dor sentida pela mulher durante a relação sexual, pode ter diversas origens, variando entre causas físicas e causas emocionais.
Entre as principais, se destaca a Endometriose. Essa é uma das principais causas da dispareunia profunda. Trata-se de uma condição em que o tecido semelhante ao endométrio (camada interna do útero) cresce fora do útero, causando inflamação, aderências e dor intensa, especialmente durante o contato sexual. Além disso, essa doença pode levar à infertilidade, dificultando a concepção de forma natural.
Outra possível causa é a Doença Inflamatória Pélvica (DIP); que é uma infecção nos órgãos reprodutivos, geralmente causada por bactérias sexualmente transmissíveis, como a clamídia e a gonorreia. Quando não tratada de forma correta, pode causar cicatrizes nas trompas de Falópio, impedindo a passagem dos óvulos e dificultando a fertilização natural.
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), embora não cause diretamente a Dispareunia, pode levar a desequilíbrios hormonais que resultam em secura na vagina e desconforto durante ar relação sexual. Além disso, a SOP é uma das principais causas de infertilidade feminina.
Na relação de possíveis causadores da Dispareunia, também estão os Miomas uterinos e a Adenomiose. Os Miomas são tumores benignos no útero, que podem causar dor, sangramentos intensos e dificuldade para engravidar. A adenomiose, por sua vez, ocorre quando o tecido do endométrio invade a parede muscular do útero, gerando dor e inflamação.
Por fim, fatores psicológicos e fatores emocionais também podem ser causadores desse problema. Ansiedade, depressão, estresse e traumas relacionados à sexualidade podem levar ao vaginismo (contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico) ou à diminuição da lubrificação vaginal, tornando o ato sexual doloroso.
Dispareunia e a Medicina reprodutiva
Embora a Dispareunia não cause infertilidade diretamente, muitas das condições associadas à dor durante a relação sexual terminam afetando a capacidade de engravidar.
“Mulheres com endometriose, por exemplo, podem ter trompas obstruídas e dificuldades na implantação do embrião. Já aquelas com secura vaginal severa podem encontrar dificuldades até mesmo para manter uma frequência sexual que possibilite a concepção natural. Nessas situações, a medicina reprodutiva poder ser uma aliada, tornando viável a realização do sonho de ser mãe, sem que a mulher passe pelo possível trauma que a dor da Dispareunia lhe traz durante as relações”, explica a Drª Tirza Ramos.
Para mulheres que enfrentam dispareunia e já detectaram dificuldades para engravidar, por consequência das dores nas relações sexuais, a Fertilização In Vitro (FIV) pode ser uma alternativa.
Esse procedimento envolve a estimulação do ovário para a obtenção dos óvulos, que são fertilizados em laboratório e, posteriormente, transferidos para o útero. A FIV (Fertilização In Vitro) é indicada em alguns casos, entre eles, aqueles de endometriose severa, quando há obstrução das trompas ou falhas na concepção natural; ou de DIP (Doença Inflamatória Pélvica) com sequelas, ou seja, no caso de mulheres que tiveram infecções que comprometeram as trompas.
O procedimento também é indicado em casos de SOP (Síndrome dos Ovários Polícísticos) sem resposta a outros tratamentos. Pacientes que não ovulam naturalmente também podem recorrer e ter sucesso com a fertilização in vitro (FIV). No caso daqueles casais que já não conseguem manter relações sexuais devido à dor, a FIV é uma grande aliada, pois elimina a necessidade de relações sexuais frequentes para a busca da concepção.
“É realizada uma avaliação completa para entender as causas da dispareunia e definir o melhor caminho para cada paciente. Cada caso é um caso e precisa ser estudado individualmente. O que serve para você, pode não ser a melhor solução para uma outra paciente. Muitas mulheres que sofrem há anos com dor durante o sexo e dificuldades para engravidar, conseguem realizar o sonho da maternidade a partir do momento em que resolver se cuidar. E a conceção termina virando um presente, seja por meio natural, seja por meio da Fertilização In Vitro”, explica.
As consequências da Dispareunia
Além dos fatores físicos já citados, a dor constante que a mulher sente durante o ato sexual, pode afetar seu desejo, levando à diminuição da frequência das relações sexuais. Por si só, isso já reduz significativamente as chances de uma gravidez natural, tornando necessário buscar ajuda para enfrentar essas questões.
Como tratar a Dispareunia
Algumas estratégias podem ajudar a reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida das mulheres que enfrentam dispareunia.
Por exemplo: o tratamento da causa subjacente. Se houver endometriose, miomas ou infecções, o tratamento adequado pode aliviar a dor e melhorar a fertilidade, ajudando a recuperar a qualidade de vida da paciente.
A terapia hormonal é indicada para casos de secura na vagina, menopausa precoce e SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos). Outras condutas para o tratamento são a fisioterapia pélvica, que ajuda a relaxar os músculos da região da vagina e reduzir o vaginismo (contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico) e a terapia psicológica, importante para mulheres que enfrentam traumas sexuais ou ansiedade em relação ao sexo.
Comentários estão fechados.