A oligomenorreia e a espamenorreia são uma condições caracterizadas por ciclos menstruaiss infrequentes e pouco sangramento menstrual, geralmente com intervalos superiores a 35 dias entre as menstruações.
Embora em muitas culturas e tradições, a menstruação seja um sinal de saúde reprodutiva, quando os ciclos são irregulares ou muito espaçados, é necessário investigar as causas.
“A oligomenorreia pode ser indicativa de desequilíbrios hormonais ou outras condições de saúde que afetam o ciclo menstrual e, consequentemente, a fertilidade feminina. Por isso, quando a mulher percebe essa irregularidade, é de extrema importância buscar o quanto antes, uma ajuda médica especializada”, explica a Dra. Andreia Garcia, médica do IVI Salvador.
A menstruação regular é o resultado de um complexo processo hormonal, que envolve o cérebro, os ovários e o útero. Assim, é crucial entender que a oligomenorreia, embora possa parecer uma “vantagem” em alguns casos, pode sinalizar problemas sérios para a saúde reprodutiva, especialmente para quem deseja engravidar.
Causas da Oligomenorreia
As causas da oligomenorreia são variadas e podem incluir desde fatores hormonais até condições relacionadas ao estilo de vida.
Frequentemente, ela resulta de desequilíbrios hormonais, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), hiperprolactinemia (aumento da produção de prolactina), problemas na tireoide, ou distúrbios do eixo hipotálamo-hipófise.
A SOP, por exemplo, afeta até 10% das mulheres em idade fértil e pode causar não apenas a oligomenorreia, mas também acne, ganho de peso e dificuldade para engravidar.
Entretanto, estilo de vida também pode ser uma causa. Mulheres que praticam exercícios físicos de alta intensidade, como corredoras de longas distâncias, ginastas ou bailarinas, podem desenvolver amenorreia.
Isso ocorre devido ao baixo percentual de gordura corporal, que afeta a produção de estrogênio, um hormônio essencial para a ovulação e o ciclo menstrual regular.
Situações de estresse crônico, tanto físico quanto emocional, também podem desencadear disfunções no eixo hipotálamo-hipófise-ovário, que regula o ciclo menstrual.
O peso corporal tem uma relação íntima com a regularidade menstrual. O excesso de gordura corporal pode alterar os níveis de estrogênio, assim como a perda de peso extrema pode resultar em amenorreia (ausência de menstruação). Mulheres com anorexia nervosa, por exemplo, muitas vezes apresentam oligomenorreia antes de o ciclo menstrual parar completamente.
Alguns contraceptivos hormonais, como pílulas anticoncepcionais, DIU hormonal e injeções de progesterona, também podem causar períodos menos frequentes ou até mesmo a ausência de menstruação. Após a interrupção do uso, pode demorar um tempo até que o ciclo menstrual volte ao normal.
A oligomenorreia, entretanto, pode ser um dos primeiros sinais da menopausa precoce, uma condição em que os ovários param de funcionar antes dos 40 anos. A diminuição na produção de hormônios sexuais pode resultar em períodos irregulares ou espaçados.
Oligomenorreia e Fertilidade
A oligomenorreia pode dificultar a concepção, uma vez que a irregularidade menstrual geralmente está relacionada à anovulação (ausência de ovulação). Para que uma gravidez ocorra, é necessário que o ovário libere um óvulo (ovulação), e essa liberação não acontece de forma previsível em mulheres com oligomenorreia.
“A oligomenorreia pode ser um fator impeditivo para mulheres que desejam engravidar. O tratamento depende de identificar a causa subjacente, mas muitas vezes envolve a regulação do ciclo menstrual por meio de medicamentos hormonais”, pondera a médica.
Muitas mulheres com oligomenorreia podem precisar de ajuda médica para regular a ovulação, especialmente se a causa estiver relacionada a distúrbios hormonais como a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Nesses casos, o tratamento pode incluir o uso de medicamentos que induzem a ovulação.
Tratamento
O tratamento da oligomenorreia varia conforme a causa subjacente. Em muitos casos, envolve a regulação hormonal e ajustes no estilo de vida.
Quando a causa é um distúrbio hormonal, a reposição hormonal pode ser necessária para regularizar os ciclos menstruais. A pílula anticoncepcional combinada é frequentemente prescrita para ajudar a regular o ciclo e controlar os níveis de estrogênio e progesterona no corpo.
Mulheres com oligomenorreia causada por excesso de exercício ou distúrbios alimentares podem se beneficiar de uma mudança no estilo de vida. Isso pode incluir a redução da intensidade dos exercícios, a adoção de uma dieta balanceada ou, em casos de anorexia, a busca por tratamento psicológico.
Se a oligomenorreia for causada por uma condição como a hiperprolactinemia ou problemas na tireoide, o tratamento dessas condições pode restaurar a regularidade dos ciclos menstruais. Medicamentos que reduzem os níveis de prolactina ou hormônios tireoidianos podem ser eficazes.
Nos casos em que a mulher deseja engravidar, o tratamento da oligomenorreia pode incluir medicamentos que induzem a ovulação. Esses medicamentos ajudam a regular o ciclo menstrual e a aumentar as chances de ovulação.
Oligomenorreia e Fertilização In Vitro (FIV)
Mulheres que enfrentam dificuldades para conceber devido à oligomenorreia podem contar com tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).
A FIV envolve a estimulação ovariana para a coleta de óvulos, que são fertilizados em laboratório. Essa técnica contorna a necessidade de ovulação regular, pois o processo ocorre fora do corpo.
“A FIV é uma alternativa eficaz, pois permite o controle e manipulação do processo de fertilização, aumentando as chances de uma gravidez bem-sucedida”, conclui a médica do IVI Salvador.
Existe prevenção da oligomenorreia? E quais as consequências a longo prazo?
A prevenção da oligomenorreia, em muitos casos, envolve a adoção de hábitos saudáveis. Manter um peso corporal adequado, praticar exercícios moderados e controlar o estresse podem ajudar a regular o ciclo menstrual. Além disso, visitas regulares ao ginecologista são fundamentais para monitorar a saúde reprodutiva e identificar potenciais problemas antes que se tornem graves.
Quando não tratada, a oligomenorreia pode ter consequências sérias a longo prazo. Além de afetar a fertilidade, a ausência ou irregularidade dos ciclos menstruais pode resultar em baixa densidade óssea, já que o estrogênio é essencial para a saúde dos ossos. Mulheres com baixos níveis de estrogênio correm o risco de desenvolver osteoporose em idades mais avançadas.
Além disso, a irregularidade menstrual pode ser um sinal de condições mais sérias, como tumores pituitários, hiperplasia adrenal ou mesmo câncer endometrial. Portanto, é crucial que as mulheres que apresentam ciclos menstruais irregulares procurem avaliação médica para descartar condições graves e garantir a saúde a longo prazo.
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