A transferência de embriões é a etapa final da Fertilização in Vitro (FIV), um dos tratamentos mais eficazes e conhecidos da reprodução assistida. Nessa fase, o embrião, já formado pela união do óvulo com o espermatozoide em laboratório, é introduzido cuidadosamente no útero da mulher.
Esse processo geralmente ocorre entre o terceiro e o sexto dia após a fertilização, dependendo do estágio de desenvolvimento embrionário e da estratégia médica definida para cada caso.
Esse momento é de extrema importância no tratamento, pois representa a última etapa antes da tão esperada gravidez.
“A transferência de embriões é o momento-chave dentro do tratamento, pois é quando o embrião tem a chance de se implantar no endométrio e dar início à gestação. É um procedimento delicado, que requer experiência e atenção aos detalhes”, explica a Dra. Andreia Garcia, do IVI Salvador.
Além de ser um marco emocional para as pacientes, essa etapa é resultado de uma série de avaliações minuciosas e decisões médicas que visam maximizar as chances de sucesso da gestação.
Como é feito o preparo para a Transferência de Embriões?
O sucesso da transferência de embriões está diretamente relacionado ao preparo adequado da paciente, do útero e à qualidade do embrião. Cada detalhe é essencial para aumentar as chances de implantação e, consequentemente, de uma gravidez bem-sucedida.
Veja alguns passos importantes para aumentar as chances de sucesso.
Monitoramento do Endométrio
O endométrio, camada interna do útero, onde o embrião será implantado, desempenha um papel crucial no sucesso do procedimento. Ele é avaliado por meio de ultrassonografias transvaginais, que medem sua espessura e verificam sua aparência.
Um endométrio ideal deve ter entre 7 e 14 mm de espessura e apresentar um padrão trilaminar, que indica boa receptividade para o embrião.
O monitoramento do fluxo sanguíneo do endométrio também pode ser um indicador importante de sua receptividade. A boa vascularização é essencial para fornecer nutrientes ao embrião após a implantação.
Controle Hormonal
O controle hormonal é uma etapa fundamental para garantir que o endométrio esteja pronto para receber o embrião. No caso de ciclos controlados, medicamentos como estrogênio e progesterona são administrados para criar as condições ideais no útero.
Já em ciclos naturais, a ovulação da paciente é monitorada cuidadosamente para sincronizar o momento da transferência com o estágio adequado do endométrio.
Escolha do Embrião
Outro fator decisivo no preparo é a escolha do embrião a ser transferido. Embriões de melhor qualidade têm maior probabilidade de implantar e gerar uma gravidez saudável.
Quando há indicação, testes genéticos pré-implantacionais (PGT-A) são realizados para identificar embriões cromossomicamente normais, aumentando as chances de sucesso e reduzindo o risco de aborto espontâneo.
“A análise embrionária nos permite selecionar os embriões com maior potencial. Esse cuidado é essencial para garantir um tratamento ainda mais eficaz”, afirma a especialista.
O Procedimento de Transferência de Embriões
A transferência de embriões é um procedimento simples, rápido e indolor. Dispensa o uso de anestesia e geralmente dura cerca de 10 a 15 minutos.
Durante o procedimento, a paciente é posicionada em uma cadeira ginecológica. Um cateter fino e flexível é introduzido pelo médico através do colo do útero, guiado por ultrassom. O embrião, suspenso em um meio de cultura, é cuidadosamente depositado na cavidade uterina.
Embora o procedimento seja rápido, ele requer precisão e habilidade do médico para garantir que o embrião seja colocado no local ideal para a implantação. Após a transferência, a paciente costuma permanecer em vigilância por alguns minutos antes de ser liberada para retomar suas atividades normais.
Quantos embriões devem ser transferidos?
A decisão sobre a quantidade de embriões a serem transferidos é uma parte importante do planejamento do tratamento. Atualmente, a tendência nas principais clínicas de reprodução assistida, como o IVI, é adotar a Transferência Eletiva de Embrião Único (SET).
Essa abordagem reduz significativamente os riscos associados a gestações múltiplas, como parto prematuro, baixo peso ao nascer e complicações maternas.
Estudos indicam que a SET, combinada com técnicas avançadas de seleção embrionária, oferece taxas de gravidez semelhantes às da transferência de múltiplos embriões, mas com maior segurança para a mãe e o bebê.
O que acontece após a transferência?
Depois da transferência, o embrião precisa se fixar ao endométrio para que a gravidez seja efetivamente estabelecida.
Esse processo, conhecido como implantação, ocorre normalmente entre 6 a 10 dias após o procedimento.
Durante esse período, o médico pode recomendar cuidados específicos, com: evitar atividades físicas intensas, priorizar o descanso, sem a necessidade de repouso absoluto, manter uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes essenciais e continuar utilizando os medicamentos prescritos, como a progesterona.
É sempre bom lembrar que essas recomendações podem variar, a depender da paciente, pois cada caso é individualizado e deve ser avaliado de forma única.
O período de espera até o exame de beta HCG, que confirmará a gravidez, dura de 10 a 14 dias.
As taxas de sucesso da Transferência de Embriões
As taxas de sucesso da transferência de embriões variam de acordo com diversos fatores.
A idade da paciente é um fator preponderante. Pacientes abaixo de 35 anos têm taxas de sucesso mais altas. Além disso, a qualidade do embrião, as condições do útero e a presença de doenças associadas, como endometriose, também interferem.
De modo usual, as taxas de gravidez podem chegar atingir entre 50% a 60% por transferência em pacientes jovens.
Transferência de Embriões congelados
Ela permite que os embriões sejam criopreservados e transferidos em um ciclo posterior, quando as condições uterinas da paciente forem ideais ou quando for do seu desejo. Além disso, a criopreservação é fundamental para pacientes que passam por estimulação ovariana e produzem múltiplos embriões, garantindo que eles possam ser utilizados em tentativas futuras, sem a necessidade de novos ciclos de estimulação.
Estudos recentes mostram que as taxas de sucesso com embriões congelados já são equivalentes às taxas obtidas com os embriões frescos, graças ao avanço das técnicas de vitrificação e ao avanço da medicina reprodutiva.
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